segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O poder do toque com carinho



Um toque carinhoso pode ajudar a aliviar a dor, ajudar o desenvolvimento infantil e auxiliar em tratamentos da depressão, segundo uma pesquisa apresentada no Festival de Ciências da Associação Britânica para o Avanço da Ciência.
Segundo o neurocientista Francis McGlone, da Universidade de Liverpool, um sistema de fibras nervosas presentes na pele responde a toques carinhosos, do mesmo modo que os receptores de dor, e quando estimulado, pode, inclusivamente, diminuir a actividade nos nervos que transportam a sensação de dor.
O cientista e os seus colegas das universidades de Uppsala e Gotemburgo, na Suécia, explicam que existem três tipos principais de fibras nervosas na camada exterior da pele. Eles são divididos de acordo com a velocidade com que conduzem – como um fio – as atividades bioeléctricas para o cérebro. Dois desses tipos são chamados de fibras A, e são cobertos por uma camada de gordura (mielina) que actua como um isolamento em volta do fio e contribui para a alta velocidade de condução.
Mas o terceiro tipo, chamado de fibras C, não tem a camada de mielina e tem velocidade mais lenta. As fibras A são responsáveis pelo sinal quase instantâneo, que provoca uma reação por reflexo antes mesmo que o cérebro possa identificar o que houve. As fibras C, da chamada «segunda dor», são as que levam a sensação da dor mais profunda e duradoura ao cérebro. Os cientistas descobriram que também há fibras do tipo C que respondem a estímulos de prazer. E quando elas são estimuladas, a atividade nas fibras condutoras de dor diminui.

 Sensibilidade

Segundo a pesquisa, assim como com a dor, algumas partes do corpo são mais sensíveis ao toque do que outras, e a sensação de prazer proporcionada é diferente da obtida quando o carinho é aplicado a áreas sexuais.
Essas fibras levariam o sinal de prazer para a região do cérebro responsável por «recompensas», e explicaria também por que razão as pessoas gostam de usar cremes, escovar os cabelos e até porque motivo um abraço, ou mesmo a mão no ombro podem ser mais eficientes, no alívio da dor, do que palavras.
Para isolar os nervos responsáveis pelo prazer, os cientistas construíram um «estimulador de tacto rotativo» – uma máquina de acariciar voluntários. «Nós acariciámos a pele (do antebraço, da canela e do rosto) com um pincel em diferentes velocidades e depois pedimos aos voluntários que dissessem o quanto gostaram de cada movimento», revelou McGlone, adiantando que foram também inseridos microeletródos nos nervos da pele, para registar os sinais nervosos enviados da pele para o cérebro.
Os cientistas concluíram que o carinho apontado como o mais motivador de prazer era também o que provocava maior resposta nervosa. As únicas regiões que não contam com essas fibras são as a palma da mão e a sola do pé, caso contrário, seria difícil usar ferramentas ou mesmo realizar uma caminhada.
A sensação de prazer acrescenta uma quarta dimensão aos sentidos clássicos atribuídos à pele, que incluem o toque, a sensação de temperatura (frio ou quente) e a dor/comichão. A equipa agora quer estudar uma série de condições clínicas, como depressão e autismo, que têm ligações comprovadas com o tacto – a maioria das crianças autistas não gosta de ser abraçada ou acariciada, e muitos pacientes de depressão demonstram sinais claros de falta de cuidado com o corpo.
Os cientistas acreditam até que a depressão possa ter origem em carência de cuidado maternal e experiências ainda na infância de falta de carinho físico e sugerem que o carinho pode ser usada para tratar dores crónicas.

Postado em:
Terça, 16 Setembro 2008
Fonte:
http://www.paisefilhos.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=580&Itemid=60

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